Etnias africanas

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Etnias africanas

onde se apresentam dados sobre a etimologia da palavra África e sobre grupos étnicos africanos

A África e a Ásia, atualmente na periferia do mundo tecnicamente desenvolvido, estavam na vanguarda do progresso durante os primeiros quinze mil séculos da história do mundo… a África foi o cenário principal da emergência do homem como espécie soberana na terra, assim como do aparecimento de uma sociedade política. Mas esse papel eminente na pré-história será substituído, durante o período histórico dos últimos dois milênios, por uma “lei” de desenvolvimento caracterizada pela exploração e por sua redução ao papel de utensílio.

A palavra África, conforme nota Ki-Zerbo (1982:21) possui origem difícil de elucidar. Imposta a partir dos romanos, sucedeu ao termo Lybia – país dos Lebu ou Lubin do Gênesis – de origem grega ou egípcia. Inicialmente designava o litoral norte-africano e foi somente a partir do fim do século I AC que passou a designar o continente como um todo. Quanto a sua origem primeira, aponta Ki-Zerbo, como plausíveis, as seguintes versões:

  1. Teria vindo do nome de um povo (berbere) situado ao sul de Cartago: os Afrig. Daí, Afriga ou Africa para designar a região dos Afrig.
  2. Teria origem em dois termos fenícios um dos quais significa espiga – símbolo da fertilidade – e o outro, Pharikia – região das frutas.
  3. Derivaria do latim apricao – ensolarado ou do grego apriké – isento de frio.
  4. Poderia ser a raiz fenícia faraga separação, diáspora, a mesma raiz encontrada em algumas línguas africanas, como por exemplo, o bambara.
  5. Em sânscrito e hindi, a raiz apara ou africa designa o que, no plano geográfico, situa-se “depois”, ou seja, o Ocidente.
  6. Uma tradição histórica retomada por Leão, o Africano, diz que um chefe iemenita chamado Africus teria invadido a África do norte no segundo milênio antes da Era Cristã e fundado uma cidade chamada Afrikyah. Mais provável, contudo, é que esse termo seja a transliteração árabe da palavra África.

Sendo o continente constituído de muitas áreas etnoculturais caracterizáveis por um conjunto de fatores, torna-se muitíssimo difícil a apresentação clara de todos os grupos que o compõem, bem como a demarcação nítida dos limites entre cada grupo e os demais. Diz Djait (1982:108) que é bem comum estabelecer-se, para começar, uma distinção elementar entre duas Áfricas: a África branca – ao norte do Saara, fortemente influenciada pelas civilizações mediterrânicas (arabeizada e islamizada) e a África negra – plenamente africana, dotada de irredutível especificidade etno-histórica.

Entretanto, um exame histórico mais aprofundado revela linhas divisórias menos nítidas. Por exemplo, o Sudão senegalês e nigeriano viveu em simbiose com o Magreb árabe-berbere estando mais próximo deste do que do mundo bantu, do ponto de vista das fontes históricas.

Na tentativa de apresentar o continente africano, a tendência seguinte será a de opor a África desértica à tropical. A desértica, de savana, mediterrânica, incluiria o Magreb, o Egito, os dois Sudões, a Etiópia, o chifre da África e a costa ocidental até Zanzibar. A tropical, equatorial, ‘animista’, incluiria a bacia do Congo, a costa guineense, a área do Zambeze-Limpopo, a região interlacustre e a África do Sul.

Djait propõe classificar as regiões de modo a não opor duas Áfricas e sim estruturar o continente segundo afinidades geo-históricas e de acordo com a perspectiva africana, sem deixar de considerar o caráter particular das fontes escritas disponíveis pois, conforme se sabe, uma história que se limite apenas às fontes escritas antes do século XV não poderia atribuir a mesma importância à bacia do Zaire, ao Níger ou ao Egito (p. 109). Tal classificação define a seguinte estrutura funcional:

  1. Egito, Cirenaica, Sudão nilótico.
  2. Magreb, incluindo a franja norte do Saara, as zonas do extremo ocidente, a Tripolitânia e o Fezzan.
  3. Sudão ocidental até o lago Chade em direção a leste e incluindo o sul do Saara
  4. Etiópia, Eritréia, chifre oriental e costa oriental.
  5. Golfo da Guiné, África central e o sul da África.

Tentativas de realizar classificações segundo os parentescos linguísticos e etnoculturais também evidenciaram enormes dificuldades. Em muitas áreas, a intuição de que existe essa relação ainda sobrepuja a prova estabelecida cientificamente (Diagne, 1982: 252). Segundo esse autor, quase todos os lingüistas consideram prematuras as tentativas de classificação, pois até a simples enumeração das línguas africanas encontra obstáculos uma vez que o levantamento desses idiomas ainda não atingiu resultados muito precisos. Estima-se que existam de 1300 a 1500 idiomas classificados como línguas. No entanto, diversos falares precocemente classificados como línguas, após estudos mais cuidadosos, revelaram ser apenas variantes dialetais de um mesmo idioma. É impossível classificar línguas ainda não identificadas com exatidão e analisadas precisamente (p. 255).

É sabido que a colonização da África impos a demarcação de fronteiras estranhas à distribuição dos grupos étnicos, fronteiras definidas segundo interesses das potências coloniais participantes da Conferência de Berlim, realizada entre 25 de novembro de 1884 e 16 de fevereiro de 1885. Os limites da Terra Iorubá, por exemplo, não coincidem com as fronteiras demarcadas pelos colonizadores. O território iorubá expande-se pelos países Nigéria, Togo e República do Benin (antiga Daomé). Da diversidade observável na África tem sido enfatizado o aspecto negativo. No entanto é necessário que se reconheça as diferenças culturais aí encontradas como preciosa fonte de enriquecimento da herança humana. Papel relevante compete às escolas no sentido de re-incorporação da memória cultural africana na memória cultural humana, para que crianças e jovens das Américas possam (re)conhecer a participação dos povos africanos na história da humanidade e não sejam levados a crer que essa história tenha sido construída apenas pela Europa, quando muito, auxiliada pelas Américas.

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